domingo, 13 de fevereiro de 2011

Andando entre mortos

Ando por ruas fétidas
um cheiro pútrido de restos de comida e de corpos
Um mar de covas abertas
sem o glamour de um cemitério.
A rua de cadáveres se lota ao meio dia
o cheiro de veneno preenche o ar
o fedor é tão forte que me faz querer vomitar.
Nos bares e restaurantes os mortos se alimentam
com gestos e berros gritam
“garçom, prepare uma dose do melhor veneno”
Como podem desejar tanto a morte?
Não se contentam em beber.
Inspiram e exalam gases tóxicos.
Não é possível estar vivo sem ser envenenado.
Não sei distinguir mortos e vivos
A única diferença está no tempo que passam deitados
Corpos jogados nas sarjetas da vida.
Tornaram ruim até o ar que se respira.
Caçadores da morte.
Não se contentam em morrer, precisam matar.
Matam os semelhantes,
matam o lugar que vivem,
matam até o planeta que vivem.
Vivo num mundo morto,
isso faz de mim um morto também.
Vivo em busca de uma vida,
mas enquanto todos morrem,
só posso morrer ou sofrer.

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